Longe vão as mobilizações - Para Angola e em força, Salazar, António - 1961.A história nunca é feita pelos protagonistas senão perderia todo o seu interesse e rigor.Nunca iriamos contra esta Boa Prática de fazer História.No entanto, pela lei da vida, sabemos que a história tem "estórias" , que só os seus interlocutores sabem contar, na sua simplicidade e ignorancia, cheias de banalidades, contudo repletas de significado.Banalidades do dia a dia, alvorada, descascar batatas para o almoço, mandar o Furriel pr'o caralho, que até nem gosta dele tão pouco de batatas, ou mandar o Alferes pr'a puta que o pariu porque nele vê refletida toda a "chicalhada".Volvidos apenas alguns "minutos" estamos hoje aqui reunidos após mais de trinta anos como se tivesse-mos sido empossados em alguma estranha "Missão de Camaradagem".Fomos ao Deus dará com "Aquela Missão" mas inexplicavelmente construimos uma outra que nunca teria passado pela cabeça daqueles que nos mobilizaram!Somos hoje heróis de um Portugal passado cujo futuro estamos galhardamente a construir mas sem nunca esquecermos as estórias que vivemos "uns a dizer mal dos outros" que se veio a verificar que eram apenas, e só, um "Catalisador" de uma amizade que sabemos preservar de uma maneira muito especial que só os históriadores e sociólogos poderão explicar mas que continuamos a viver até que a vontade nos doa!Este "Blog" impensável há trinta anos, irá ser apenas a expressão da mencionada e estranha "Amizade" que nem eu e talvez nenhum de nós saberá explicar, apenas exprimir!
Cortez, Raul, 2004-06-28
Estamos a 07 de Janeiro de 1972 e começava neste dia a grande viagem que nos levaria até a Angola a bordo do paquete Vera Cruz. Foi a última viagem para Angola deste paquete, quando regressou a Lisboa foi vendido e assim desapareceu um dos simbolos da Guerra Colonial. O Vera Cruz viu militares a partir, mães e noivas a chorar pela partida dos seus, não assistiu ao regresso de uns quantos. Navegamos durante 9 dias, e a 16 deste mesmo mês chegámos a Luanda onde desembarcámos. Estávamos em África para onde Salazar, António nos mandou em "Força e já".
Aderito Patricio
Fotos cedidas por: Joaquim Rodrigues/Aderito Patricio/Domingos Pires
Desfile - Cumprimentos ás Entidades Oficiais
Pormenor do Vera Cruz já com a tropa a bordo Familiares nas despedidas
Vera Cruz no cais de embarque
"A Caminho..."
Fotos cedidas por: Raul cortez / Sebastião Pires / Aderito Patricio/Marinho
Porta de Armas - Quartel em Ambrizete
Av. Principal de Ambrizete
Vista aéria de Ambrizete
Vista da praia - Brinca na Areia Ambrizete dia a dia
Acção Psicológica, Parafuso e Sabedoria
Ambrizete era uma pequena vila do Noroeste de Angola onde o mar, o sol, o camarão, as gentes e a maçaricagem do Bcaç. 3869 viveram dias deliciosos.
Certo dia, um dos mais velhos e castiços capitães da companhia, decidiu, como decidia quase todos os dias, fazer uma operação de acção psicológica na sanzala, "mata" propícia para este tipo de missão.
Azar, e talvez devido ao acidentado do terreno, ou, não sendo má língua, ao esforço aplicado à suspensão do velho JEEP ..., verdade é que o eixo de um dos feixes de molas se partiu em pleno palco de operações!!!
Amigos e senhores se queriam ver o nosso superior a espumar de raiva com o dedo em riste para o "pobre" furriel da manutenção acusando-o que este deveria prever que o parafuso ia partir !!! ...
Porra!! a partir daquele momento fiquei a saber que um qualquer Furriel tem de ter para além de "gigango nos cabeço" , ser bruxo !!! ...
Cortez, Raul, Outubro 2004
Fotos cedidas por: Raul Cortez/Sebastião Pires/Aderito Patricio/Marinho
A vida no nosso dia a dia
Tempo para a vida social
Equipa de Fut.-5 do Pelotao de Reconhecimento
Aguas-Maia-Marques-Marinho-Matosinhos-Lopes-Porfirio
Os nossos animais de estimação. Cão e gato , em tréguas Deixar descendencia
Estavamos á poucos dias em Ambrizete um homem estava a ser interrogado no quartél pelos nossos serviços, mas ao que consta resolveu nada contar.
Seguindo os procedimentos habituais foi entregue á PIDE (essa mesmo), que se encarregou de o levar.
O homem lá foi para umas instalações junto ao aerodromo, ainda um pouco longe do quartel e do centro de Ambrizete.
Começamos a ouvir gritos, urros e mais gritos, o desgraçado não parava de gritar, estavam a tentar "convece-lo" a falar.
Passou bastante tempo até que os gritos se deixaram de ouvir, o silêncio foi assustador.
Finalmente o homem falou, pensámos.Nada de mais errado."Antes quebrar que torcer" .
O Homem resolveu quebrar. Quebrou.
Ainda hoje lhe oiço os gritos.
Simplesmente arrepiante
Aderito Patricio
Fotos cedidas por: António Bonifácio -Ex Furriel P.A.D. em Ambrizete 1972/1974 J.Marcos Costa
Ambrizete, Angola, Setembro de 1972
CCS, Bcaç. 3869
Os galões, as divisas e a trave!
Saía do edifício do Comando e Operações o nosso 2º Comandante, um Tenente Coronel, alto, magro, farda impecável, boné, óculos e com cara de poucos amigos.
Após alguns passos cruzava com um furriel maçarico, em farda de trabalho, de sargento de dia, e que, com uma continência, se preparava para passar despercebido...
Óh, nosso furriel, faz favor!
Acagaçado e intrigado saiu um "Faz favor meu comandante".
" Quer saber que vinha eu muito descansado a sair daquela porta quando de repente caiu à minha frente uma trave que quase me ia matando..."
O furriel ficou admirado com a descrição, e, após a breve interpelação do seu superior foi ver o que de facto se teria passado de tão grave, não podendo deixar de pensar " Estou feito"...
Investigando veio a saber que:
Um nosso amigo cabo escriturário tinha deitado para o átrio do comando um fósforo no momento em que o dito 2º comandante ia a passar , daí a "dita trave".
Bolas! que perigo...
Cortez, Raul, 19 Setembro 2004
Nota da Redacção: O 2º Comandante era Major (Ernesto Cunha)
Fotos cedidas por:Fernando Anunciação/João Pinto
Neste destacamento, isolados na mata, encontrava-se um pelotão que tinha como missão vigiar e manter o sistema de captação de águas em perfeito funcionamento, para que esta fornecesse água potável a toda uma população. Como vizinhos tinham o inimigo, como distração as tarefas do dia a dia.
Aderito Patricio
Fotos cedidas por:
Sebastião Pires / Fernando Anunciação
A vizinhança Vista geral Posto de sentinela Pausa para o almoço
Comunicações sem elas não somos nada
Fotos cedidas por:
Raul Cortez
Era noite cerrada e a "patrulha" iniciou o circuito em Ambrizete.O unimog ronronava e torcia-se todo nas curvas com o nosso peso, já não recordo com quem ia.Passamos pela Av. Principal, (ver foto) visitámos a sanzala que estava sem luz e fomos a caminho do aeródromo.Deslocávamo-nos ao longo da "pista" por uma picada estreita.A luz do farolim dançava pelas copas das árvores e pelo intervalo do capim não muito alto.Viam-se alguns olhos brilhantes de "tudo" o que desconheciamos.O que seria?Reduziamos o andamento.Eram outros que nos espreitavam por interrompermos a sua caçada ou a sua fuga.Quando reduziamos a marcha a poeira tentava alcançar a nossa viatura, algo de filmes de fantasmas.Os nossos sentidos, como novatos que eramos, estavam em alerta máximo.De repente tudo se modificou....senti-me projectado pelo ar, aterrei no meio do capim e de montes de terra e caiu o Céu em cima de mim.Passou-me tudo pela cabeça. MORRI.Em breves instantes comecei a sentir o corpo e o "céu" afinal era outro camarada que tinha caido em cima de mim.A noite não permitia que se visse mas senti que outros se queixavam e a pouco e pouco lá nos fomos levantando pensando que alguem estaria ferido.O unimog dormia deitado, ronronando, com as rodas do lado direito entaladas no buraco que uma berliet tinha "patinado" após as chuvas.A nossa sorte tinha sido ditada e desta escapámos.O nosso ferimento maior foi o susto.....Gostaria de rever com os camaradas que estiveram comigo.
Sebastião Pires
Fotos cedidas por:Marinho/Fernando Anunciação/Joao Pinto
ida á lenha - VigilantesPatrulha - Ambrizete-quinzau
A praia estava húmida. O céu cinzento e o mar revolto apareceram de manhã zangados com os vivos e mortos. O barulho das ondas era imenso e profundo. Parecia que todo o mundo ralhava. Os Deuses? Seriam os Deuses?... A maresia era bafo fresco e nós passeávamos na praia tal como outros seres vivos. O Sargento Nery e eu A nossa vista deambulava pelo mar fora e o levante, terrível, espumava como cavalo cansado de esforço Comentámos como é que há gajos que vão nadar com um mar destes????? É preciso serem muito doidos ou terem muito cacimbo nos miolos . de facto estávamos a admirar um nadador que até nos acenava lá longe, nas vagas. Nós também íamos correspondendo e até nos rimos disso Lá nos sentámos na areia fina de Ambrizete e de vez enquanto íamos olhando para o aventureiro. Trocamos algumas impressões e levantou-se a hipótese de que o dito cujo, que continuava a fazer adeus, pudesse estar a pedir socorro. Foi terrível o momento da lucidez Corremos para dois pescadores que estavam ali, junto ao Brinca na Areia e rapidamente saltamos, os quatro, para uma Chata, barco de madeira achatado por baixo. Não foi difícil entrar no mar porque este puxava Os Deuses queriam sacrifícios.Levávamos só uma bóia de câmara-de-ar de pneu de camião. Não havia coletes de protecção eu e o Nery tínhamos camisas vestidas porque estava muito fresco.Fizemos mais de 100 metros de vagas e íamos gesticulando para o homem que pedia socorro. Este, também correspondia, mas cada vez menos Quando chegamos a cerca de 10 metros, o homem desaparece. Tinha sido um grande esforço dos pescadores mas o mar tinha levado a vítima deste Altar. Eu e o Nery entreolhámo-nos, tirei a camisa e mandei a grande bóia para cima da zona do desaparecido.Saltei atrás dela e como mal sei nadar agarrei-a com todas as forças que tive Algo bateu nos meus pés e puxei com uma das mãos. O sacrifício ainda não estava totalmente consumado.Daquela cabeça, quase branca, saltou pela boca um jorro de água e espuma. Foi impressionante mas estava inanimado. Começamos a árdua tarefa de tirar aquele corpo do mar, mas a ondulação era muita e o barco baloiçava que nem um touro farpado.Demorou a içá-lo mas conseguimos. Enquanto os pescadores remavam para salvar a nossa pele.O Nery e eu deitamos o homem de barriga para baixo no barco e começámos a empurrar as pernas dele e a puxá-las o que levava a que os jorros de água continuassem a sair. Olhei à minha volta e a nossa Chata tanto ía ao fundo, como vinha à superfície porque ora estávamos no fundo da onda ora no cume da mesma. A praia e o Brinca na Areia estavam irreconhecíveis. Os nossos camaradas pareciam às centenas e ambulância do exército já lá estava. O problema é que todos remávamos só com dois remos e o barco muito a muito custo e lentamente foi ganhando caminho de retorno.Suávamos no frio daquela manhã mas o homem já estava salvo embora muito cansado. Quando chegamos à praia já não me lembro do que aconteceu mas soube que o homem era um soldado motorista de outra Companhia e que estava casado com uma Espanhola e pai de duas filhas pequeninas. Soube que esteve 3 horas a soro no hospital e um dia que voltou a Ambrizete quis e pagou-me uma Cuca. Nunca mais soube dele
Sebastião Pires Crónicas de Ambrizete 33 anos depois
Fotos cedidas por: Fernando Marinho
Em patrulha pelas matas (Tanto de belas como de perigosas)
Foto e artigo enviados por:Alfredo Novais (O Doctor)
Era a 3ª vez que o Batalhão de Caçadores 3869, se movimentava por terras de Angola, em rotatividade de zona, e que no caso da CCS ( Companhia de Comando e Serviços ) foi Ambrizete, no litoral norte, Namboangongo, interior norte e agora estávamos á porta de Pereira Deça, no extremo sul.Aparcamos nas proximidades, era já o fim da tarde, a azafama era enorme; e agora mesmo recordo, porque fui militar na Metrópole e agora em Angola, a forma de estar, o relacionamento, a postura entre esta família de militares, era na verdade bastante mais cordial do que na Metrópole; o que naturalmente levava a que uma boa parte dos militares eram tratados por uma alcunha, que normalmente nascia nos primeiros tempos de agrupamento.A minha, porque apareci em Ambrizete, cerca de três meses após a chegada do Batalhão, a arrastar um caixote de madeira com o fardamento e mais pertences pessoais, na mão levava uma pasta cheia de livros, a fim de dar continuidade à minha formação, alguns militares ao ver o quadro, não exitaram, ali vem o doutor.A partir daquele momento, nem lavado e perfumado o Novais Rádiotelegrafista deixaria de ser o doutor.Longe de mim, e de Ambrizete, estaria a embrulhada em que a alcunha me iria colocar; regressemos à chegada a Pereira Deça, no meio daquele descampado, com alguma vegetação, o cair da tarde e a noite a aparecer, as viaturas posicionadas e os militares por tudo quanto era espaço, procurando o melhor abrigo na possibilidade de ser aquele o alojamento para aquela noite.Como era habitual, a chegada de uma coluna com aquelas dimensões atraía sempre a curiosidade das pessoas locais, alguém ia dando ordens, para as próximas tarefas, lá andava o nome no ar, doutor para aqui, doutor para ali, fui-me apercebendo sem saber porquê, que sempre que me deslocava era seguido por algumas pessoas de côr, que sempre que eu parava, de imediato se colocavam em fila, comecei a ficar intrigado, e eis que a determinada altura, uma delas se me dirige e diz; SÔTÔ eu tenho doença.Trinta e tal anos depois, continuo com aquela sensação de impotência absoluta, gravada na memória, perante uma situação, que foi muito difícil esclarecer junto das pessoas, pois elas tinham na sua frente um militar de pasta na mão a quem a maioria das pessoas chamavam doutor, valeram-me na circunstância os colegas, enfermeiro e maqueiro, que lá conseguiram uma ou outra solução para situações, que eles identificaram, pois efectivamente não havia nenhum médico no batalhão.
Novais (Radiotelegrafista)
O doutor
Ambrizete, Angola, Setembro de 1972
CCS, Bcaç. 3869
Boas Novas e Ignorância!
Tarde quente na parada e furriéis no paleio.
Eis que não quando sai do edifício do Comando um Furriel de Informações e Operações com cara de felicidade, sorriso nos lábios, mensagem na mão e quase aos gritos ia mostrando o enigmático papel de mensagem onde podíamos ler entre outras coisas:
" CCS Baç. 3869 roda Ambrizete para Vila General Freire"
Expressão do furriel.
"Porra vamos deixar esta merda e vamos para uma Vila !!!"
Perante o barulho gerado aproxima-se um nosso 1º sargento, magro, desconfiado, cigarro na boca, meio gago e com a calma de um veterano diz simplesmente:
"Vila General Freire, isso é NAMBUANGONGO"
Perante tanta sabedoria fez-se silêncio e um " foda-se" baixinho teve que sair das bocas milicianas e estupefactas!
Cortez, Raul, 19 Setembro 2004
Fotos cedidas por:Aderito Patricio
O soldadito seguiu os procedimentos estabelecidos, mas sou as estopinhas para se safar dum castigo.
Ambrizete, o dia estava húmido e calmo como habitualmente, um nevoeiro muito denso cobria a Vila de Ambrizete Ouviu-se a aproximação de um helicóptero, verificou-se que ele estava estabilizado nas proximidades, foi ligado o banana (aparelho de rádio portátil para comunicação com aviação militar ), foi estabelecida a comunicação, aqui terra chama ( ..) nome de código do aparelho, (por sinal o nome de um animal nojento com asas )
Aqui Capitão preciso de reabastecer o aparelho e não tenho visibilidade para aterrar, devido ao tecto de nevoeiro, preciso de orientação.
Era uma manobra arriscada, pois a aterragem era na estrada de terra batida, inclinada de acesso à praia, frente ao quartel, e o não se via o aparelho, seguiram-se os procedimentos adequados á situação e a operação foi bem sucedida.
O operador manteve-se no local coberto de pó das pestanas até aos tomásseis, a nuvem assentou e eis que o dito capitão sai da cabine, o soldadito enfia o kiko na cabeça, por cima do cabelo empastado de areia, coloca-se em sentido e faz a continência, o capitão passa ao lado seguindo em frente, levanta a mão direita, provavelmente para sacudir a mosca da orelha.
O operador regressa ao seu posto e eis que minutos depois o nosso Alferes Vilar, oficial de transmissões, entra pelo posto de rádio dentro, vermelho como um tomate, com um cigarro na boca e a tirar outro do maço para acender, as mãos a tremer e interroga, quem estabeleceu comunicação com o heli? O capitão queixou-se ao comandante de que não foi tratado pela patente e vai dar uma porrada no operador.
O operador não foi punido, mas o capitão foi difícil de convencer de que o operador estava impedido de utilizar outra linguagem.
A exemplo de outros relatos inseridos neste blog, nessa época e circunstâncias, tal como hoje, verifica-mos há uma confrangedora falta de valores, formação e atitude, numa boa parte dos seres humanos. Um fraternal abraço
Novais (ex. radiotelegrafista o doutor)
Em anexo fotos da equipa de transmissões com o nosso Alferes Vilar e a foto do dito heli que eu fiz questão de guardar para recordação, na mão estão precisamente as normas, com que foi possível justificar os procedimentos da comunicação.
Espectáculo em Ambrizete - JograisO Ambrizete era lindo.....Adeus Ambrizete, Nambuangongo espera-nos
Antes de mais acho que devo introduzir algumas notas prévias no intuito de se perceber a razão de alguns comentários ás fotos que a seguir irão ver.Nambuangongo é uma vila totalmente militar e situada em dois morros e onde a guerra está na primeira linha.Como qualquer vila tem um pouco de tudo, militarmente falando como é obvio, pelotões disto e daquilo, companhias operacionais e até um "cinema" (Charlie lata-cine).Rodeados de mata por todos os lados, menos por um (por cima) e numa zona de guerra por excelência, e como vizinhos, para além do inimigo e do Canacassala (mata muito densa onde se abrigavam), tinhamos o Zala a 45 km a companhia de Obuses a 9 km a Madureira a outros tantos para além das nossas companhias Ccac3482 e a Ccaç3481.A Ccaç3480 está em Namboangongo no outro morro a fazer-nos companhia.Penso que não esqueci "ninguém".Tudo isto num raio de 45 Km.Ninguém se podia queixar, havia guerra para todos.....
Aderito Patricio
Fotos cedidas por:
Sebastião Pires/Marinho/Raul Cortez/A.Patricio
Vista parcial de Nambu
A parte de cima de Nambu (O Céu) NAMBU ( Vamos chamar-lhe assim é mais "carinhoso" ) - Vista parcial Efeitos de um ataque com morteiros ( Zonas mais escuras ). Em cima á direita uma caserna, (dormitório) por acaso a minha. Em primeiro plano podem ver-se os abrigos e depois uma vista geral de Nambu Demonstração de utilização do abrigo, por cima uma bananeira O abrigo e o Cortez
CCS, Bcaç.3869 Namboangongo em mês de 1973
E o Gelo nosso cabo!
Namboangongo era uma "Vila" simpática.
Como quartel de duas companhias e um PAD (Pelotão de apoio directo) tinha "meios de sobrevivência" "muito avançados" para a época nomeadamente uma padaria e uma máquina de gelo, esta essencial naquele clima quente e cacimbado.
Meio dia, furriel a descansar em banco de aduelas de pipo e cabo cozinheiro da messe dos sargentos carregado na sua missão de transporte de gelo da máquina para o BAR.
Furriel, com ar inquisitório, e vendo apenas água no alguidar pergunta " como é nosso cabo?"
Resposta pronta "Oh! Meu furriel, hoje o gelo está muito quente".
HiHiHiHi, Boa!!! ... ... ... ...
Cortez, Raul, 28/09/04
Fotos cedidas por: Sebastião Pires/Marinho/Raul Cortez/A.Patricio
Esta torre blindada levava dentro um homem que em caso de necessidade utilizava este recurso para disparar em todas as direcções que achasse necessário.Funcionava como se fosse um carro de assalto. Jogo de Futebol entre a Companhia eos os GEs (Grupos Especiais - Ex Inimigos) Pausa nos afazeres do dia a dia Pista de aterragem (tivemos visitas)
Cao - Este era o Nambu
Soldado Portugues e ambiente circundante
Preparação de ossadas de militar falecido para regresso a casa
CCS, Bcaç.3869 Namboangongo num qualquer mês de 1973.
Fogo nos depósitos da água!
Namboangongo era uma "Vila" simpática.
Pena que não tivesse nada de interesse a não ser o pelotão de cães, o cacimbo e as esporádicas bebedeiras quase sempre perfeitamente inofensivas.
Não sei se do cacimbo ou da bebedeira, ou quiçá das duas, verdade é que um dos nossos mais castiços furriéis vagueava em noite de luar pelo aquartelamento, furioso por estar de serviço, divertindo-se a praguejar, como bom português, este com fortes raízes no Norte do País.
Nós, uns a dormir, outros à cuca na caserna, ouvíamos com atenção as expressões sempre fantásticas do nosso furriel.
Dizia ele a certo ponto " Estou farto desta merda, quero ir-me embora, seus tubarões, tirai-me daqui, vou ter que destruir esta merda toda e é já , vou começar pelo BAR, não, vou começar pelos depósitos da água...
Boa promessa, avante, este é um homem do Norte carágo ...
Cortez, Raul, 02/10/04
Fotos cedidas por:
Sebastião Pires/Marinho/Raul Cortez/A.Patricio/João Pinto
Posto de Abastecimento Cadeira de descanso do Comandante tomada de assalto pela cabra Edificio do Comando
Furriel Cortez num momento de descontração Tudo boa gente (Furrieis Cortez-Marinho-Mendonça) Também tinhamos uma igreja
Á frente a construção do nosso emblema atrás o Guante. (Mão) que significava "ACEITAMOS O DESAFIO" á boa maneira da cavalaria mediaval.
Sala do Soldado (Bar). Na parede ao fundo o Adamastor Niguém passa sem comer - Pormenor da cozinha Teco - Pequeno avião de 2 lugares que fazia a distribuição de frescos e de correio
Sebastiao em pose.... Os Samurais Outra cidade militar-Zala a 45 km de Nambo
Naquela manha "Nambu" estava radiante de sol, o ambiente era calmo e pacato.
Só os afazeres rotineiros da Companhia boliam com o silêncio.
Mais uma manhã....alguns cães passeavam á procura de qualquer coisa, comida, uma sombra ou fugiam das moscas....
Eis quando enorme grunhideira, ou possivelmente urros de "pacaça furiosa" vêm lá do alto e colocam em sentido, até as formigas....
De facto era o "pacaça" a vociferar do seu gabinete, espumando de raiva inquisitória, frases alucinantes.
- Onde está o Pes....Chamem-me o Pess....procurem esse Peixe...(o referido Peixe andava mais uma vez desenfiado pela "sanzala" ou nas "lavras" fazendo contacto directo com as "inimigas". - Era o Furriel Pescadinha - aquele que era da Nazaré.... lembram-se?.
Cantava bem o fado e normalmente nunca apertava as botas, nem tão pouco os botões.
Sebastião Pires
Fotos cedidas por:
Sebastião Pires/Marinho
Reabertura da Picada Nambu-Beira Baixa (30 Km)
Astear da Bandeira
Na alvorada a formatura iniciou ... e a pouco e pouco lá fomos arrumando as filas ...alguns ainda mal lavaram os olhos, outros ainda vêm a sonhar com a Brigitte... as camisas sem botões ou desabotoadas, os colarinhos enrolados e algumas botas sem atacadores, mas a não ser os doentes e os sentinelas , todos lá estavam...
As vozes de comando começaram a ouvir-se ...
Atenção Companhiiiiaaaaaa.. ...Seeeeeeent...ouppppp........... Onbrooooooo... hhharmaaa... corneteiro... tennn ten ten tatammm.....Tamtamtam ten ten ten ten ..... Apresentar AAAr...maHHHH....
A Bandeira... é colocada e inicia a sua ascenção... lenta...lentamente.
Alguma coisa ferve no nosso íntimo...
O corneteiro ensaia e desenvolve o seu toque de astear....
A companhia inteira perfilada com o apresentar de armas ... o sol a saír da Beira Baixa ou do Canacassala...
De repente inicia-se o côro das carpideiras...
UUUUUUAAAUUUUIIIIIIOOOOOUUUUUUU ......UUUUUHHHHIIIIIIooOOOOiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu .............................
Ao lado da companhia como soldados valentes , cantavam o seu hino...sentados , os nossos 83 cães....rafeiros....
Era lindo.....
Sebastião Pires
Crónicas de Nambo 32 anos depois...
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Fotos cedidas por:
Sebastião Pires/Marinho Matas (O perigo espreita em todo o lado)
Nambuangongo, Novembro 1973 </p>Da Boa Faneca ao Bom Bife!</p>
Todos sabemos o que era Ambrizete.
Vila pequena, agradável e fantástica para o início de uma "guerra".
Ambrizete fica à beira mar e a pesca artesanal era diária sendo a faneca aquele peixe de eleição.
Felizmente tivemos um Bago Mestre com a especialidade de Sapador, o que foi óptimo, pois conhecia bem a diferença entre um bom tacho e um rancho de estilhaços!
Mister Bago Mestre usava e abusava das fanecas para os nossos furriéis, muitas pragas lhe rogámos!!!
Enfim, rodámos para a Vila General Freire, vulgo Nambuangongo e o mar ficou lá tão longe, finalmente só comíamos carne que era o fresco que chegava àquelas paragens. Todos ficámos satisfeitos.
Passados dois meses já deitávamos bife pelos olhos, pedimos então ao nosso sapador umas fanecas, mesmo daquelas mais pequenitas.
Mister Bago Mestre mais uma vez se vingou dos furriéis" Ai agora querem fanecas, queriam? Queriam...mas não há! Quando eu as dava em Ambrizete chamavam-me nomes agora ide pró car....! dizia meio furioso e meio risonho na sua voz meia gaga!
P.S. - Um abraço ao meu amigo Santos do Mindelo, bem perto de Vila do Conde.
Cortez, Raul, 06 Outubro 2004
Fotos cedidas por:
Sebastião Pires/Marinho Coluna militar de protecção ao MVL (Movimento Viaturas Ligeiras) Podem ver-se as Panhards (Carros de Combate) que ajudavam na protecção ao MVL
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Saí do caramachão (Jango ) onde estive sentado nas cadeiras feitas com tábuas de pipas de vinho e dirigi-me para o jantar na messe dos sargentos.No caminho fui pisando as cascas de cocnot que servíam de pavimento. Atravessei o "bar" e sentei-me à mesa com outros camaradas. No meio das estórias do dia lá fomos engolindo o frango com o esparguete habitual. A "Nocal"fazia o acompanhamento.Depois do café e vários cigarros preparámos a sala para ver filmes de 8 mm que nos mandávam para aprendizagem de "estratégias militares ". Nos filmes "Elas e Eles" iam-se libertando das roupas e na maior parte dos casos "Elas" ajoelhavam e rezavam, "Eles" íam pregando, conduzindo e metendo a doutrina em tudo o que era sítio. Ambos, ou à vez, íam cantando ladaínhas de gemidos que mais parecíam que eram sons que vinham das porfundezas do Inferno. Enquanto isto acontecia, nós os fiéis acólitos íamos comentando com risadas e piadas no meio de um ambiente de muito fumo. O quadro era bizarro.Estando a sala a aborrotar, ainda havia curiosos a assistir pelas janelas. Quando tudo acabou e depois de algum descanso no caramachão, lá fomos para as casernas.Olhei do meu canto e observei as osgas a passear no tecto de zinco. Puchei o mosquiteiro e adormeci. zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzEram cerca das duas da manhã e o alarido invadiu o espaço.Um "ataaaaaaaaaaquuuuuee"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Saltámos da cama, a adrenalina invadiu tudo, até os miolos. Não sei se era medo com nervoso miudinho ou se esparguete com frango aos saltos no estômago .Saí em cuecas com as cartucheiras ao ombro e botas desatadas, sem meias. Com a G3 nas mãos nervosas, corri para o abrigo onde já havia outros. Não deu tempo para ver se lá havia lacraus e ás escuras também não se viam.As balas silvavam os céus de tempos a tempos e a sinfonia do matraquear era estranha e conhecida. Tá.. Tá.. Tá ......TTTTTTTTTT.....Tá ...Tá ....Tá..T.As chefias começaram a informar-se e a verificar a situação... Nós, nem um tiro...Caladinhos... Os mosquitos apertavam e lá íamos dando chapadas masoquistas na mira de matar algum...Assim como começou, a guerra ACABOU.......Descobriu-se que afinal eram os G.Es, na Sanzala a celebrarem , com os copos.Quando celebravam atiravam tiros para o ar e alguns nem sabiam para onde...Fomos dormir depois de muita algazarra............................................. Sebastião Pires("crónicas de Nambo passados 32 anos" )Nota:situação identica se passou na noite de passagem de ano! será que foi nessa mesma noite que esta situação se passou?
Fotos cedidas por:
Marinho/Sebastião Pires/Aderito Patricio
Cartão de Boas Festas enviado á familia Natal de 1972 -Pel.Rec Sapadores Passagem de ano 31 de Dezembro de 1972 Devido ao facto de se terem ouvido tiros ainda tivemos que interromper a festa e correr para os abrigos mas....nao foi nada de alarmante. Talvez fossem os GEs na sanzala a festejar....
As viaturas aqueciam os motores no cruzamento com a "sanzala" em frente das messes.
Depois de tudo sentado e composto com as armas no colo lá fomos para a "lenha".
Como sempre tinhamos os óculos e os lenços para protejer do pó de pastel ocre.
Fomos deambulando pelas curvas da picada prestando atenção ao mínimo movimento nas encostas.
O perigo está sempre latente nas nossas mentes.
Alguns levam as armas em posição de rajada.
Hoje vamos experimentar uma invenção que fizemos nas oficinas.
" Um tambor para a fita de balas de uma HK21 " (estas armas não são municiadas por tambor metálico por este ser muito pesado mas como as HK21 vão nos suportes das berliets não há problema com o peso).
À medida que nos vamos aproximando do local escolhido para a experiência a nossa tensão aumenta.
Entramos numa zona de morros com árvores esguias e copa lá no alto. Em baixo são arbustos.
Sem parar, começamos os disparos em direcção do morro, na berliet da frente.
O tambor está a funcionar lindamente.
tttttt....tttttttt...ttta.a.aa.aarr...raaattt..tttt..ttta.aa.ata.ta.ta.aa..
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Do morro como de um ninho de vespas explode um festival de som e luz e ficamos momentaneamente preplexos...O morro dispara sobre nós tudo o que conhecemos de guerra ...
Balas, morteiros, dilagramas que rebentam no ar... as viaturas param... o pessoal salta para o chão. Uns escondem-se nas valetas, outros de baixo das viaturas.
É a confusão geral.
Todo o mundo metralha o morro.
Na minha berliet ,que é a última, vejo-me obrigado a ocupar o lugar do atirador da HK21 porque esta encravou e tenho que a desencravar.
No meio da confusão a guerra é ensurdecedora.
Estamos a responder com tudo o temos á mão.
Cada carregador só leva 20 munições e cada um de nós só tem 5 carregadores. Já passou mais de meia hora de combate
Ninguem vê qualquer inimigo...
Juntei alguns atiradores e já não sei quem agarrou o lança-granadas-foguete.
Começamos a rastejar ao longo da valeta da estrada em direcção à frente.
Passámos por todo o pessoal e ultrapassámos a primeira viatura. À medida que avançamos vamos trocando sinais entre nós. Temos a sensação de que há qualquer coisa do outro lado do morro que estamos a contornar.
De facto à medida que vamos fazendo a curva algo nos aparece estranho. Há outras viaturas do outro lado do morro...e facilmente descobrimos que só podem ser dos "nossos" .
Começamos a gritar e a chamar a atenção mas continuamos deitados nas valetas. A pouco e pouco vamos tomando consciência, mútua, do engano.
Ambos pensámos que tínhamos sido atacados...
Passaram vários minutos e começámos a aproximação. É uma alegria...alguns ainda não querem acreditar. Rapidamente fazemos o reconhecimento entre todos e por um grande, muito grande milagre só se verifica um ligeiro ferimento num atirador.
O nosso inimigo é simplesmente um grupo de combate de uma companhia da BTR que tinha estado em actividade.
O resto da estória fica para cada um.....
Sebastião Pires
"crónicas de Nambo 1973"
Nota: Foram feitos 2 tambores que levavam 1.500 balas cada e eram altamente eficazes.
Foram construidos pelo PAD 3035 que tambem se encontrava em Nambu
Ordens superiores vindas de longe proibiram o seu fabrico....
Canacassala
Era uma tarde de cheiro a chuva e o som da floresta era de silêncio, só os disparos da Bateria a intervalos regulares pareciam comandar as hostes das máquinas que reabriam aquela estrada de tenra idade mas onde as árvores nasciam e cresciam como os pelos das pernas de uma mulher.
A estrada tinha 5 anos e as árvores brotavam do solo como a barba de oito dias de um homem barbudo (claro).
Em 5 anos de inactividade já havia árvores com mais de 12 metros de altura no meio da estrada. Esta mulher, ou este barbudo tinham uma boa carne e o calor tal como o ambiente ou aquela terra vermelha era tão rica que a vegetação explodia de energia e força.
Á nossa frente 3 grandes máquinas trabalhavam em simultâneo. Uma ao meio da estrada e as outras duas nas bermas e nos taludes. Coisa nunca vista. O andamento e o resultado era tão incrível, que se fosse aqui no Puto qualquer Ministro seria condecorado com a maior medalha das Obras Públicas. Se calhar até não era
Nós fazíamos a protecção e ficávamos muitas vezes parados a ver
a dormir
e não sei se a jogar às cartas.
A Bateria continuava a marcar o compasso dia e noite tal como nos barcos romanos para comandar os escravos dos remos, ou talvez como as badaladas de um relógio de sala ampliado ao limite máximo dos nossos tímpanos.
De repente alguém grita; cuidado não te mexas
. alarido geral e silêncio à mistura. Um camarada motorista salta para cima do unimog e sem ligar o motor mas destravando a viatura diz: empurrem
rápido
e assim aconteceu
.Os camaradas empurraram a viatura de marcha atrás
. E a roda da frente do lado direito passou por cima da cobra surucucu (víbora) que se encontrava enroscada atrás.
Do lado da frente da mesma roda estava um camarada sentado encostado à mesma a menos de um metro do bicho. O suor lá foi desaparecendo mas o susto foi longo
..
Sebastião Pires
Crónicas de Nambu 33 anos depois
Fotos cedidas por:
Raul Cortez
Festa no Charlie Lata-cine. O actor fardado é o Fur. Cortez "ela" é o Miarra.
Leitura das "Noticias" - Nesta "emissão" do "Telejornal" estão os Fur. Rema e Cortez
Naquela tarde " Os Guerreiros" limpavam armas ( Cucas e Nocais) sentados junto ao caminho, na área da messe de sargentos.
"Os Guerreiros" descansavam o fundo das costas naquelas cadeiras de madeira de pipos.
Eram muitos, " Os Guerreiros"....
Lado a lado contemplavam , possivelmente o horizonte da " Beira Baixa".
As estórias eram seguidas e as risadas ou discussões também.
A pouco e pouco o silêncio começou a aumentar até que se tornou ensurdecedor.
Nem um mosquito.... nem um ladrar...ou qualquer espirro de gafanhoto....
No já referido caminho e vinda dos lados da " Madureira" a figura deslocava-se muito lentamente.
Uma velhinha, muito velhinha, seca, deslocava-se da direita para a esquerda, à nossa frente, no caminho, agarrada ao seu cajado.
Quando chegou, mais ou menos a meio do nosso estendal do "descanso do Guerreiro", vagarosamente parou.
Virou-se para nós com uns olhos de velhinha e num sorriso simples, exclamou...
" BOA TARDE GERAR...MENTE"
Ficamos mudos e a pouco e pouco lá fomos respondendo ... Boa tarde... boa tarde.... boa tarde ...
A velhinha continuou para a Sanzala e o silêncio voltou a baixar...........
Sebastião Pires
Crónicas de Nambo 32 anos depois
Naquela tarde, de entre os diversos trabalhos a efectuar no interior da colina que nos servia de quartel havia a recolha do lixo, e fazendo eu parte do grupo contemplado, dirigimo-nos para o lugar onde começava a tournée, isto é, para o refeitório enquanto o condutor ia buscar o veiculo para o efeito. Chegados ai, sentamo-nos o que era normal, enquanto o carro do lixo não chegava.Estava escrito que naquele dia tudo seria diferente, e subitamente passa um homem ostentando 3 galões em cada ombro que com a sua voz assustadora, grita ao Furriel que nos enquadrava: - O nosso Furriel, ponha-me esses homens a trabalhar. O meu capitão, não podemos trabalhar, ainda não veio o carro. Não quero saber, mas dai cá os vossos números, e tomai nota: vos sereis os primeiros a ir pro Canacassala.Seria injusto falar de Nambuangongo sem citar todos os lugares tristemente celebres, (quem disse cus de judas?) que num raio de 50 quilómetros o circundavam, mas o que lhe dava o charme, a magia, era em minha opinião o Canacassala. No seio de um verde intenso, o CANA, como lhe chamávamos por afecto era algo de impenetrável, de indomável, sagrado, tabu; o CANA, merecia todos os superlativos. Ei-lo sobranceiro, orgulhoso , altivo, como a dizer: Vos os audazes, venham dai, se são capazes.Et pour cause, as gentes daquelas bandas, recusavam-nos o direito de passagem.Foi então decidido passar à força. Nos passaremos; decretou o Batalhão que nos precedeu. Aconteceu porem que, ou porque a força estava do outro lado, ou que não fosse o momento azado para zaragatas, foi abandonada a contenda.Voltou à carga o Exercito Português, aquando da nossa presença. Foi empreendida a grande caminhada, na companhia da Junta Autónoma de Estradas de Angola, porque o objectivo era desobstruir uma artéria nunca dantes navegada, isto é, abandonada à natureza desde o inicio das hostilidades.O acaso que fez com que a certa altura eu andasse no grupo da frente, quis também que mais tarde, fosse enviado para o acampamento que acabava de ser improvisado e no interior do qual nos passaríamos a noite. Creio que a minha missão era guardar o material do meu pelotão, uma espécie de plantão. Antes, tive a ocasião de constatar que parte do meu grupo entre outros tinha enveredado por uma picada perpendicular aquela que seguíamos. Depois de instalado nas minhas novas funções, notei a presença de um canhão apontado na direcção de um ponto cardeal entre Norte e Leste. Talvez estivéssemos perto do centro nevrálgico do que se podia considerar o Quartel General da guerrilha, porque depois de enviada a primeira salva de obuses apareceu no céu do Canacassala um pequeno avião. Começa então um dialogo de surdos entre Capitão artilheiro e o piloto do avião: O pássaro voe mais baixo, pássaro... ... Nos temos que fazer isto hoje, pássaro... ... Que o piloto temesse ser atingido por um obus ou que outra coisa proveniente do solo, lhe quebrasse uma asa, decidiu não voar mais baixo.Pouco depois o pássaro bateu as asas e foi-se embora. Ultimo lamento do Capitão artilheiro: O pássaro, eu vi-o fazer sinal de asas, pássaro . O pássaro não mais voltou.Finalmente... ... passamos. No ultimo dia, dormimos em casa dos nossos camaradas da Beira-Baixa. Os mais corajosos foram à caça ao javali. Não participei na caçada, mas participei no jantar preparado com a carne proveniente da batida na Secção Auto. Obrigado ao nosso amigo Cascais por nos ter convidado.António Sequeira Leitão.
Nambuangongo, Angola, talvez Dezembro 1973
CCS, Bcaç. 3869
Festa, Tiros e Merda!
Festa em Nambuangongo, talvez Natal, noite quente, na messe dos furriéis uns bebiam, outros escreviam às namorados (um aerograma por dia não podia falhar e muitos deles escreviam-nos todos ao fim de semana com as respectivas datas diárias como convinha) há!, não era para dizer?...
De repente ouvem-se tiros. O nosso 1º sargento com a calma de um veterano diz sem se mexer:
"Lá estão eles na sanzala com a bebedeira".
Poucos segundos depois uma rajada. Os furriéis saem atabalhoadamente mas o nosso veterano já lá não estava...
Corremos para a caserna em busca das armas e acto contínuo para os abrigos, abrigos estes muito mal conservados, semi alagados de terra levada pelas chuvas e com a degradação de quem não era utilizado havia muitos meses.
Uma das atracções de Nambu era um fantástico pelotão de cães que, para além da distracção, ladravam e faziam companhia e como bem treinados para a guerra, frequentavam regularmente os abrigos, lugar calmo e bem adequado às necessidades caninas!
Furriéis alertados e acordados com os tiros e com o cú apertado desceram rápida e violentamente para os abrigos nesta noite quente e escura.
Passados alguns minutos não haviam mais tiros, não havia sinais de inimigo apenas um cheiro intenso a "merda de cão" e os camuflados cheios do dito excremento, " merda p´ra a guerra"!dizíamos em surdina.
No dia seguinte escusado será dizer que o nosso Sargento Ajudante, o tal, mobilizou todo o pessoal para a limpeza e reconstrução dos abrigos onde nós, e já com a "casa de combate" limpa tirámos algumas das boas fotos que vemos no nosso site.
"É a vida"
Cortez, Raul, 19 Setembro 2004
Fotos cedidas por: Raul Cortez
As fotos seguintes foram extraidas de um DVD remetido pelo Ex Furriel Raul Cortez. Poderão observar fotos de Nambuangongo de todos os generos e em especial as da nossa chegada aquele local, as nossas instalações, enfim um pouco de tudo de um local muito especial. Não são necessarios comentários e as mesmas foram colocadas aleatóriamente.
Nambuangongo, equipa de transmissões E o esperado correio chegou, procede-se à tradicional distribuição, mas eis que um pequeno descuido permite à pequena macaca deitar a mão a alguma correspondência e trepar para cima de uma árvore, instalou-se a confusão, quem é que ficou sem correspondência? O bicho curioso começou a descascar a fruta, o pessoal em terra puxava pela imaginação, algum pela melhor fruta da região, ficou-se a saber quem tinha escondida a melhor banana, o desespero aumentou quando a macaca começou a fazer os aerogramas em fanicos, estamos num teatro de guerra, não se pode abater a tiro uma macaca indefesa, há que subir a árvore e acarinhar o animal traze-lo ao colo e assim se recuperou o que restou da correspondência
.
Novais- Ex-radiotelegrafista ( o doutor )
Na noite escura, um estrondo .Não valia a pena consultar o calendário a fim de saber qual a localidade que estava em festa ou quem deitava foguetes. Não, nao havia em Nambuangongo tempo nem lugar para festas ou romarias.
Aguardamos as primeiras informações e elas nao tardaram. Uma Fazenda, a escassas dezenas de quilómetros, estava sob fogo inimigo. Creio que não era costume a infantaria socorrer os vizinhos durante a noite ; se a artilharia o pudesse fazer, tanto melhor.
Continuamos na expectativa. Foi então que irrompeu no nosso reduto um Land Rover. Aos solavancos pela picada,(caminho de terra), um dos membros da guarnição que protegia a plantação de café fez o trajecto até ao nosso quartel com um ferido na carroçaria do seu veiculo na esperança que o nosso médico o pudesse salvar.
Na companhia de alguns colegas dirigi me à enfermaria. Numa cama, ainda com os olhos abertos, jazia já , um corpulento homem de cor. O ventre aberto expunha um monte de vísceras. E indescritível o que se sente em tais circunstancias. O médico tateava lhe o que restava intacto da barriga enquanto o Comandante do meu pelotão, observava num tom que parecia uma suplica: estes tipos são muito resistentes; ao que o doutor respondia com um lacónico não. Esgotavam se as esperanças.
Já o enfermeiro lhe aplicava uma injecção certamente a fim de que ele sofresse o menos possível. Quando se entrava na antecâmara da morte, o premio era uma injecção de morfina. Nas palavras do meu Chefe de pelotão, entrevi o desejo de que algo de impossível fosse tentado, mas era já tarde .
Tive vontade de pegar na arma, correr para a mata e gritar: saltai para aqui, filhos da p
que eu f
vos os c
Não havia nada a fazer; esperar secretamente que na noite seguinte não fosse a nossa vez e já era bastante. Em Nambuangongo acontecia os vizinhos virem pedir caixões para os seus mortos ; daquela vez não vieram.
António Sequeira Leitão
Fotos cedidas por:
Raul Cortez
Finalmente iriamos ser rendidos por um novo Batalhão e as fotos que se seguem mostram a alegria de ver a chegada desses nossos camaradas. Este é o nosso último dia em Nambuangongo. As fotos dispensam qualquer tipo de comentário Mandamentos da Velhice. (Velhice devido á experiência e ao tempo permanecido na Guerra.
Fotos cedidas por:Sebastiao Pires, Raul Cortez, Joao Pinto
De Nambuangongo a Pereira d'Eça são mais de 1600 km.Viajámos em viaturas de carga durante 2 dias e alguns de nós chegaram muito delibitados mas finalmente estávamos numa zona para descansar.Aqui não havia guerra.Os nativos viviam no estado primitivo como aliás irão verificar pelas fotos publicadas, a vida era calma e como era uma capital de distrito e ao mesmo tempo fronteiriça, também tinhamos bastante contacto com a população local.Estavamos a 40 km da fronteira com a Républica da África do Sul, no local onde hoje se situa a Namibia.Pereira d'Eça hoje tem o seu nome pirmitivo ONDJIVA, e continua a ser a capital do distrito do Cunene.Aderito Patricio
Fotos cedidas por: Aderito Patricio/Sebastião Pires/Raul Cortez/Fernando Marinho/Luis Pinto/Fernando Anunciação/A.Leitão
Quartel em Pereira D'Eça
Furriéis em passeio pela Avenida Principal Patricio e Cortez (rica vida) Enforcamento de um superior? (Tudo boa gente) Porta de Armas e limpeza (capinando)
Eu (Patricio) e a vista de Pereira D'Eça Jogando (CortezXBotelho)....Será que ainda dura? Preparar para a saida
Tudo "boa malandragem" Transmissões com apetite - No Restaurante Ruacaná
Vista do aérodromo - Podem ver-se helis e Cortez junto á estátua do Gen. Pereira D'Eça Messe de Sargentos - A Senhora que se vê é a esposa do 1º sargento que esta de pé Descanso do Guerreiro Miudos brincando Santos, Sebastão e Marinho Mulher de Pereira D'Eça
De mota Meu Furriel? Fernando junto a uma casa na savana
Bons assados Vamos ao petisco antes que seja tarde Parece que ainda faltava qualquer coisa....
Fotos cedidas por:
Raul Cortez
Aerograma (especie de carta/postal utilizado pelas forças armadas isento de selo) enviado a dar a noticia do golpe de estado em 25/4/1974. Mais noticias do ambiente que se vivia após o dia 25 de Abril de 1974
O artigo foi publicado pelo Diário Popular Lisboa
Sábado, 27 de Abril de 1974 Manifestações de apoio à Junta de Salvação no Ultramar português LUANDA, 27 - A emissora Oficial de Angola difundiu, esta madrugada, o seguinte comunicado, enviado pelo engº Santos e Castro: «Às 23 horas e 30 minutos do dia 26 do corrente foi-me entregue uma mensagem da Junta de Salvação Nacional que me demite das funções de governador-geral de Angola. Amanhã, sábado, às 12 horas, entregarei o Governo Geral de Angola ao, encarregado do Governo, que me foi indicado, o excelentíssimo secretário-geral». O actual secretário-geral, que ao meio dia assumiu a encarragatura do Governo-Geral de Angola, é o tenente-coronel António Osório Soares Carneiro, que vem desempenhando aquelas funções desde que o engº Santos e Castro passou a dirigir os destinos de Angola, em Novembro de, 1972. Nessa altura, tinha ainda a patente de major e governava o distrito da Lunda, no nordeste de Angola. Entretanto, segundo notícias divulgadas esta madrugada pela Emissora Oficial de Angola, o general Tello Polleri interrompeu a visita que efectuava à província como secretário de Estado da Aeronáutica do Governo de Marcello Caetano. O general Tello Polleri não seguiu para S. Tomé, conforme inicialmente se previa, mas regressou de Cabinda a Luanda e daqui deve seguir oportunamente para Lisboa .
Enviado por oi...oi... em outubro 13, 2004 12:00 AM (quem será?)
Fotos cedidas por: Aderito Patricio/Sebastião Pires/Raul Cortez As fotos que se seguem foram tiradas em finais de 1973 e meados de 1974 Não são ficção, no sul de Angola ainda vivia muita população no seu estado pirmitivo.
Grupo de mulheres a dançar Mulher solteira, casal e mulher casada Beleza da savana
Mais beleza da savana
A casa e o trabalho
Mulher Muila tratando do milho
Foto de familia
Cuanhamas-Muilas e Mecancalas
Dois quadros pintados pelo Fur. Sebastião Pires que representam a vida local
Mais vida local pelo Olho do Fur Cortez
Milagre, um bom condutor e o gerrican
Pereira de Eça era uma cidade do sueste de Angola onde o descanso dos guerreiros do Bcaç. 3869 teve lugar em alguns meses dos anos da graça de 1973 e 1974.
Seguia uma secção destacada para transportar e fazer segurança ao comando em viagem de cortesia à Namíbia em consequência do 19 de Março nas Caldas da Rainha, quando, em picada de bom piso, já em território Namibiano e a grande velocidade, demos um salto fantástico e depois de meia dúzia de piruetas o JEEP, um dos melhores, se imobilizou no estradão.
O que teria sido? O terreno era óptimo, o condutor dos melhores da companhia, e este nada tinha visto no piso !!!
Comandante quase em transe, acompanhantes todos acagaçados ainda por cima nada viam de anormal....
Fizemos o reconhecimento.
Conclusão:
O Gerrican de gasolina colocado no pára choques lado esquerdo tinha-se soltado e caiu debaixo da roda do mesmo lado sem que o condutor se apercebesse pois tudo se tinha passado no próprio JEEP.
Que susto, huf. afinal correu bem, senão, seriam mais uns soldados a morrer pela Pátria em missão de patrulhamento das nossas fronteiras de além mar, sic.
Cortez, Raul, Outubro 2004
Fotos cedidas por:Sebastião PiresInstrução dos G.Es (Grupos Especiais) no Roçadas-Pereira D'Eça
Fotos cedidas por:
Raul Cortez
Em Pereira D'Eça existia uma boa sala de espectáculos que permitia a exibição de cinema e a produção de teatro. As fotos seguintes são referentes a uma festa oferecida pelo BCaç 3869 a todos os militares e á população em geral.
Caldas Intentona de 16 de Março, Viagem e o Apartheid !
Pereira de Eça, era em 1974, uma cidade do sul de Angola, muito plana, bonita e pacata.
Nas Caldas da Rainha, em Portugal "uns tantos militares" decidiram lançar à estrada um sonho de liberdade a 16 de Março desse mesmo ano.
Por inexperiência, ou talvez não, como de manobra de diversão se tratasse, verdade é que foram apanhados e encarcerados.
O "exército" ficou contente por ter debelado tal intentona contra o poder instituído.
Comandante de Batalhão em Pereira de Eça resolveu, vamos lá nós saber porquê, informar e justificar o sucedido ao comando do apartheid da África do Sul na sua então província da Namíbia.
Mas o seu Inglês era fraco e perguntou quem queria ajudar e ser intérprete.
Furriel INFOP (Informações e Operações) lá vai voluntariamente na "missão".
Viagem normal, até ao valente susto que explicarei noutro artigo.
Chegada, cumprimentos, informações e tradutor a puxar pelo seu inglês.
A informação "mais importante" da intentona era que tinham sido " os militares que tinham conseguido deter e prender os revoltosos". Azar do caraças o "tradutor" disse que tinha sido a polícia e não os militares a dete-los.
Comandante sabia pouco da língua mas mais do que o suficiente para perceber e advertir gritando que até me mijei todo.
Porra que diferença fazia, pensava eu, que não percebia nada de política!!!...
Cortez, Raul, Outubro 2004
Fotos cedidas por:Raul CortezContacto com população indigena - PSICO
O pelotão de morteiros 3093 embarcou para Angola a bordo do paquete Vera Cruz a 7 de Janeiro de 1972 e foi colocado em Nambuangongo onde mais tarde e nesse mesmo ano se juntou a CCS e a C.Caç 3480 pertencentes ao B.Caç 3869. Domingos Magalhães Pires do referido Pelotao
O Pelotão de Apoio Directo 3035 embarcou para Angola no Paquete Vera Cruz em 03 de Abril de 1971 e ficou sediado em Nambuangongo onde mais tarde a CCS do B.Caç 3869 se juntou juntamente com a C.CAÇ 3480.Desses tempos são as fotos que se seguem enviadas por:Gaspar PereiraJoao Epifaneo Fernandes Sousa
De Joao Epifaneo Fernandes Sousa sao as fotos seguintes:
Fotos enviadas por : António Oliveira Nambuangongo 1964-1965
Fotos enviadas por Perry Camara ZALA 1969
NAMBUANGONGO 1969
Fotos enviadas por Mario Silva (Padeiro da C.Caç 3387) QUIXICO 1972
PEREIRA D'EÇA 1973
A Companhia de Caçadores 3480 pertenceu ao B.Caç 3869 e em Angola teve passagens por Quiximba - Nambuangongo e Cambambe
Fotos cedidas por Amadeu Ferreira, Nunes, Carlos Cardoso, Moreira da Silva, Fernando Pereira
Despedida do B.Caç 3869 em Tomar. Na frente podemos ver o Amadeu Ferreira (no bombo) seguido da C.Caç 3480
Amadeu Ferreira
A Companhia Caçadores 3481 pertenceu ao B.Caç 3869 . Em Angola esteve sediada no Tomboco , Beira Baixa (Nambuangongo) e Neone no distrito do Cunene As fotos seguintes foram obtidas na web pelo que desconheço os autores mas aos quais aqui deixo o agradecimento
A Companhia de Caçadores 3482 pertenceu ao B.Caç 3869 e na sua passagem por Angola foi colocada nomeadamente em Missao de Ambrizete - Quixito -Chiede - Namacunde As fotos que estao colocadas no post foram obtidas na web atraves de um blog pelo que agradeço desde já aos seus autores. As mesmas irao ser colocadas sem identificaçao .
As fotos foram cedidas pelo Manuel Soares (Alferes Sapador) e abrangem um pouco da sua passagem pela CCS do BCaç. 3869
Este post tambem é uma homenagem á sua esposa (D. Carminda) a quem carinhosamente chamamos de "Guerreira".
Em Ambrizete havia as condições minimas para que, quem podesse e desejasse, ter a companhia de familiares, foi o caso do Soares e tambem do Alferes Lino .
A "Guerreira" pode ser vista nalgumas fotos na mata, onde curiosamente gostava de ir acompanhar o marido.
Veremos tambem as fotos de um bébé nascido em 28 de Setembro de 1972 em Luanda que é exactamente o filho da Guerreira e do Alferes Soares.
Pelotao de sapadores em Santa Margarida
Fotos cedidas por Raul Cortez - Aderito Patricio Bilhete de Identidade do Inimigo carimbado a oleo e assinado a esferografica
Recibo de vencimento (do Furriel Cortez)
Pagina do bloco de cartas que recebi escrito a 30/3 e recebido a 4/4. Nem o correio azul ou verde funciona desta maneira (Portugal para Angola - Nambuangongo 1973) Telegrama enviado a 13 de Maio de 1974 mas a partida foi adiada.
Ordem de serviço - Esta tem a minha mobilização e um louvorFez parte das nossas vidas, das nossas lutas e hoje deixou-nos para sempre.Independentemente de outrora ter sido um inimigo, nao deixa de ser por isso um grande Homem, que lutou pelos seus ideais, pelas suas crenças, pelo povo a que pertencia.Hoje mais um da nossa geração e desta História nos deixa, tal como muitos de nós sem pompa e sem glória.Transcreve-se a noticia publicada. Luanda, 02 Ago (Lusa)- O líder histórico da Frente Nacuinal de Libertação de Angola (FNLA), Holden Roberto, morreu hoje, em Luanda, na sua residência, vítima de doença prolongada, anunciou a organização.Uma nota divulgada esta noite, em Luanda, pelo Bureau Político da FNLA refere que Álvaro Holden Roberto faleceu às 18:30 locais.Numa delaração feita através da Rádio Nacional de Angola, o segundo vice-presidente da FNLA, Ngola Kabango, apelou aos militantes e simpatizantes do partido "a manterem-se calmos e serenos perante este infausto acontecimento"Holden Roberto tinha 84 anos e ainda recentemente se deslocara a Paris para tratamentos.Nascido a 12 de Janeiro de 1923, iniciou a actividade política em 1954 com a fundação da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), mais tarde designada UPA.Em 1960, assinou um acordo com o MPLA que não iria cumprir, para assumir sozinho a liderança na luta contra o colonialismo português.Em 1962 criou a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), da qual se tornou presidente. Seria esta organização que viria a constituir o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), onde Jonas Savimbi surge como ministro dos Negócios Estrangeiros.Em 10 de Outubro de 1974, Holden Roberto encabeçou a delegação da FNLA nas conversações com a delegação do Governo Português, em Kinshasa, com vista a pôr fim às hostilidades em Angola, entre a FNLA e o exército português. O acordo de suspensão das hostilidades foi assinado no iate do Presidente Mobutu Sese Seko, do Zaire, entre Holden Roberto e o general Fontes Pereira de Melo, chefe da Casa Militar do então Presidente da República Portuguesa, general Francisco da Costa Gomes.Em Janeiro de 1975, Holden Roberto, juntamente com Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA) assinaram com o estado Estado português o Acordo do Alvor, que estipulava o processo e calendário do acesso de Angola à independência, proclamada a 11 de Novembro do mesmo ano.Depois da independência e com o início da guerra civil em Angola, Holden Roberto deixou o país onde só regressou em 1991, após a assinatura, Lisboa, a 31 de Maio, do Acordo de Paz de Bicesse.NV.Lusa/FimPor mim, só por mim e deste lado da "barricada" rendo-Lhe as minhas homenagens.Aderito PatricioNota:Noutro artigo pode ver o cartao de identidade do GRAE referido nesta noticia
Fotos cedidas por:A.Patricio
Em casa com a familia após a chegada de Angola
Fotos cedidas por:Raul Cortez
EM 1992 ACONTECEU O PRIMEIRO ENCONTRO DOS EX-COMBATENTES DA COMPANHIA DE COMANDO E SERVIÇOS DO BCAÇ 3869.DAÍ PARA CÁ TODOS OS ANOS, NO ÚLTIMO SABADO DO MES DE MAIO, ESSES ENCONTROS TÊM ACONTECIDO.DEVEMOS TODOS ESSE FACTO AO EX-SAPADOR MARINHO, QUE NUNCA SE POUPOU A ESFORÇOS PARA QUE TODOS OS ANOS PODESSEMOS TER UM DIA DE CONFRATENIZAÇÃO.PELA MINHA PARTE UM MUITO OBRIGADO POR TUDO O QUE JÁ FEZ E CERTAMENTE PELO QUE AINDA VAI FAZER.
Adérito Patricio
Fotos cedidas por:Raul Cortez
Fotos cedidas por:Raul Cortez
Fotos cedidas por:Raul CortezPromoção do almoço convivio
Nota: Se algum camarada possuir fotos deste almoço a "redacção" do glob agradece
Fotografias cedidas por: Sebastião Pires
Fotografias cedidas por:Raul Cortez
Fotos cedidas por:Nuno Anunciação (Filho do Fernando Anunciação - Transmissões)
Fotos enviadas por Raul Cortez
FOTOS ENVIADAS POR :JOAQUIM RODRIGUES
Na impossibilidade de juntar as fotos com os respectivos eventos colocar-se-ão neste post toda a documentação referente a ao almoços cujas datas nao se encontrem identificadas
Camaradas no fim deste artigo encontram a possibilidade de comentar o nosso blog. Se eventualmente desejarem enviem os vossos artigos, fotografias ou outro tipo de material para o seguinte endereço: a1323@sapo.pt
Grato pela participação
Aderito Patricio
Por vezes os Blogs andam "cacimbados" e não se consegue comentar, não se preocupem voltem noutro dia, serão sempre bem vindos.